sexta-feira, agosto 27, 2010

...um dia bom

após 8 dias de regresso ao trabalho, tive um dia bom. e porquê? porque fui fazer aquilo de que gosto mais, visitar instituições. desta vez, alentejo profundo, a cereja no topo do meu bolo de concelhos a visitar. e ao 8.º dia passaram-me as febres e o mal-estar, a corzinha amarelada, a cabeça azoada. penso que a síndrome se foi. importa realçar que daqui a uma semana, precisamente, estarei novamente de férias. não quero sequer pensar no regresso. mas trarei novo remédio para a apatia, de certeza, ouvi dizer que observar baleias pode ajudar. bom, ontem, a meio da coisa, aparece-me a Maria Rosa à frente: olhar tímido e choroso, olhou-me com a cabeça inclinida para o chão e sorriu muito no meio das lágrimas que limpava à pressa. não percebi nada, no imediato aquilo pareceu-me uma cena surreal: "empurraram" a Rosinha para dentro da sala, para falar comigo, para eu lhe dizer que o Isidro lhe mandara beijos e bilhetes para a tourada! what?! quando a Rosinha circundou a secretária e se aproximou muito de mim, percebi. levei 3 abraços enormes e fofitos, pá, festinhas nas mãos e um piropo "tem uns olhos muito bonitos.." (não tenho) e olhou-me muito com um sorriso aberto e lindo, ó diacho, fiquei derretida. deixei-a abraçar-me num aperto suave e meigo e agarrei-lhe nas mãos para lhe elogiar o verniz. e depois os olhos, os dela sim, lindos. é que a Rosinha estava vestida como as funcionárias porque gosta de ajudar lá no Lar, e eu baralhei-me com o primeiro abraço. a Rosinha é esquizofrénica e vive ali há 10 anos. tem 46. foi maltratada a vida toda até ir para ali. tem um namorado imaginário, o Isidro e adora touradas! eu vim trazer bilhetes para a tourada. ela chorava porque não sabia quem eu era e teve medo quando passara por mim no páteo. tiveram de a mandar vir falar comigo para eu a acalmar. e acalmei. e ela a mim. obrigada Rosinha. penso que recuperei da síndrome.

segunda-feira, agosto 23, 2010

é só mais um dia mau...?

ok. a porcaria da síndrome não me passa.
na sexta-feira agarrei na trouxinha - 3 mudas de roupa apenas - e lá fui eu rumo a Serpa. o que havia em Serpa? nada de mais, apenas uma feira medieval a animar a cidade durante 3 dias. mas eu gosto destas animações de sorriso amarelo e...até foi divertido.
fui sozinha, cheguei tarde, encontrei o último quarto para alugar na residencial Virgínia e fui passear pela cidade. dizem que sozinhos estamos mais expostos, mais vulneráveis, mais disponíveis, mais simpáticos, mais atraentes ao olhar e atenção dos outros. dizem que sim e eu acredito. conheci o Dryss, que me ofereceu tagine. recusei por educação mas combinei voltar no dia seguinte para um chá de menta. voltei no dia seguinte e bebemos chá, comprei-lhe uma carteira com 3 euros de desconto e conheci os outros marroquinos, o peruano, o tunisino, o minhoto...e valeu a pena a minha viagem. nessa noite já tive companhia de uma amiga, mas sei que ficaria bem sozinha com os meus amigos muçulmanos, em fase de ramadão. foi bem porreiro falar com eles, sobretudo com o belo, com o surfista e mais tarde com o peruano. sim, havia um belo, e um surfista e um peruano sabido e cheio de humor (grande análise sobre as mulheres portuguesas, espanholas e italianas) mas do que gostei mesmo foi do que me contaram, da forma como o surfista me descreveu o jejum, os desportos que praticava, as ondas, as praias de Agadyr e o surf, a sua descrição dos efeitos do jejum, a sua pose séria com o prato de tagine à frente e nunca lhe tocou enquanto ali estivemos sentados à porta da sua "tenda" até às 3 e tal da manhã. tinham tapetes lindos e caros para o meu bolso, baratos para o que representam. mas nunca nos impingiram nada, perceberam logo que não tinhamos dinheiro e foram simpáticos, cordiais e conversadores. o belo descreveu-me a sua visão dos europeus sem altivez, mas com a noção clara de que nós não somos os "desenvolvidos". e eu fiquei com a noção clara de que nós não somos, efectivamente, os desenvolvidos. falou-se das poses dos povos. gostam dos portugueses. falou-se do deserto e da sua beleza, do impacto sobre nós. dos berberes. o belo era berbere. os berberes são belos. falou-se da imaginação e criatividade de quem tem tão pouco. do artesanato. tão pouco temos nós, ao pé deles. senti-me parte de uma parte de uma Europa pretensiosa e idiota. senti-me parte de uma parte cheia de ideias pré-concebidas como as que tinha. lembrei-me da experiência da minha amiga há uns dias em Agadir e da família que a acolheu e acarinhou. nunca fui a Marrocos mas tenho a certeza que irei. agora sei. e também sei que há quem ache aquilo perigoso, e pode ser, como a nossa A25 em dia de nevoeiro. e sei bem que nem tudo é belo, mas a palavra e a honra da palavra, a forma como os jovens vivem o ramadão - quem dos meus amigos passava um mês sem comer e beber até ao pôr do sol, sentindo na pele a necessidade e carência dos que pouco têm, sentindo como é viver com quase nada, limpando corpo e espírito de todas as impurezas que deus também deixou aos homens? no fundo, a minha foi uma viagem de contemplação e admiração, de respeito pelo diferente, e sobretudo, de carinho e tolerância. ninguém se atirou a mim, os elogios fazem parte da coisa e de forma respeitosa, estivemos ali a conversar e a trocar umas ideias sobre factos da vida, do mundo e da humanidade, não como amigos que não somos, mas como gente civilizada e educada que partilha o mesmo céu e o mesmo mar. e chega.
depois deste fim de semana é claro que a minha síndrome se agravou quando confrontada com os ofícios e actividades do serviço público que sirvo. estes cada vez mais me mostram que não fui feita para estar atrás de uma secretária a chamar a atenção de instituições para cumprirem as suas obrigações para com quem lhes paga - todos nós - ainda que isso seja necessário e tenha de ser feito, porque é assim que a minha sociedade se organiza e quem sou eu para agora discorrer sobre a validade deste funcionamento...o que eu sei é que devia estar em Agadir, debaixo do céu que nos protege, o tempo suficiente para conhecer o que me seria necessário conhecer e partir de novo para um outro lugar. porque eu só estou bem aonde não estou.
que "isto" me passe e eu volte de novo a entrar na engrenagem, de preferência sem pensar muito sobre a mesma. OXALÁ.

sexta-feira, agosto 20, 2010

síndrome pós-férias

há mais ou menos uma semana que me encontro doente.
faltando-me a medicação adequada, o tratamento certo, resta-me aguardar que isto passe.
saber que somos milhões ( é impossível não sermos milhões) a padecer do mesmo mal, dá-me algum consolo e impede o aumento da minha comiseração.
bem, vou ver se trabalho.

quarta-feira, agosto 18, 2010

é preciso fé

.
para te amar


para te um dia ter





para cuidar de ti


de mim


até o nosso encontro acontecer


até olhares atento


e reparares na forma como eu levo o dedo à boca


e roo o seu canto como se roesse a unha


e esse movimento se torne sensual e te apaixones por fim.


és esta platónica sensação que permanece


omnipresença leve em brando lume (me) aquece


por vezes quase esquecida


porque meu amor, tu


ainda não olhaste e

não viste


o meu dedo a aproximar-se da minha boca e o improvável


no movimento inócuo e banal será


o dia que te apaixones assim.


é preciso fé para te amar.


não anseio paixões de homens bons ou assim-assim


se minha for esta verdade eterna


a de aprender a aguardar-te


ainda que nunca teus olhos reparem em mim.


segunda-feira, agosto 16, 2010

domingo, agosto 15, 2010

os que sonham
os que verdadeiramente sonham
para os quais o sonho é presente
os que sonham demasiado e intensamente
aqueles que sabem não conhecer outra forma
e vivem colados ao sonho ou com o sonho colado a eles
que têm clarões de lucidez fugazes mas certeiros, inevitáveis e cruéis que
lhes dizem que sonhar é viver à espera de ser feliz e desejar mais do que tudo
o que até medo têm de desejar os que sonham
onde, quando, alguma vez
terão lugar seu na realidade das coisas que estão?
os que sonham sonhos perfeitos azuis
e (não) sabem onde  encontrar outro lugar
algum dia esses
esses algum dia, deixarão de sonhar?

.

o rescaldo

de volta a casa.

vasos partidos, plantas perdidas, gatos ariscos visitaram o meu pátio. tristeza. invasão de formigas pela casa fora.
hoje é domingo e amanhã regresso ao trabalho. claro que estou de ressaca. quinze dias fora e sempre on the road: Sines, S. Pedro do Sul, Oliveira de Azeméis, Porto, Lisboa, Sagres e Barreiro.

Notas de Viagem por ordem de passagem:

Sines: para começar com boa música e bom ambiente. talvez cheio de mais, mas aguentei bem disposta.

S. Pedro do Sul: Andanças de 3 dias, com pouca dança, muita preguiça, muitas compras de pulseirinhas e afins, descobrir praia fluvial no último dia sem 300 pessoas à volta.

Oliveira de Azeméis: pai, tios, mano e boa comida. Pouco tempo, mas o suficiente para matar saudades e arranjar umas coisinhas no carro, que está ainda na garantia.

Porto: uma só noite na casa do mano para me deitar às 9:30h da manhã! o Porto mete Lx debaixo de um braço assim sem grande esforço: esplanadas e bares, gente animando as ruas bonitas do centro, fiquei parva! la mobida chegou e espero que para ficar. o mano diz que o Porto é noite e pouco mais. talvez....já Évora nem noite nem pouco mais.
pormenor: jantar numa casa de pasto explorada por malta nova com bom gosto e boa cozinheira, acabar a noite com amigo da casa e malta que explora o espaço, acolhedores e simpáticos. o amigo da casa, bem....diz que está apaixonado e quer vir a Évora. surpresa das férias. ah...conheci a praia de Leça e Matosinhos antes de me levarem a casa de manhã.

Lisboa: não conta porque foi de passagem para casa da mãe que nem vive em Lx.

Sagres: ora bem...3 dias de praia com água quente (!!!!!!!!) e sem vento. ao 4.º dia uma nortada dos diabos que me impediu de dar último mergulho naquele mar maravilhoso. para desforrar, no regresso, parei na praia do Amado (alguém conhece?) e fiquei......sem palavras. praia do Amado (Carrapateira), 10:30h da manhã, indescritível - há tantos anos a ir para Sagres e nunca lá tinha ído. tenho a certeza que sei onde vai ser a minha próxima escapadela de Outono. e cada vez mais cheia de vontade de me inscrever numa escola de surf. começa a ser mais do que uma ideia daquelas que rapidamente se arrumam num cantinho qualquer da casa onde moram os pensamentos. resta saber como ficarei num fato de surfista, pois claro.

Barreiro: matar saudades da Ana. e sem esperar, café com a minha primeira grande paixão platónica, a dos meus quinze aninhos, o Alexandre. os 3 em 3 horas de conversa animada. temática: as relações humanas. what else?

back to Évora, formigas, plantinhas lindas que morreram, telefonemas do Porto madrugada dentro que me trazem de novo inquietação. não sei se me quero apaixonar. não sei mesmo.

ps - agora já só penso no dia 3 de Setembro e na minha soul trip pelas ilhas mais belas do Atlântico.

domingo, agosto 01, 2010

FMM 2010

staff benda bilili
sines 2010
sem comentários
só indo..