segunda-feira, junho 23, 2014

amo o mar

sou a rosa ramalho da minha poesia 
desencontrada nos escaparates
para venda pública

não estudei
e pouco sei
desta persona borderline

acorda-me cedo o dia 
sempre quase
invadida fugazmente pelo mesmo

não rimo, não estimo
e embaraço-me sozinha
de pé

amo o mar, que sei lava-me 
os cabelos da poluição anual
no momento estivo da comunhão

(...)

segunda-feira, junho 02, 2014

bloqueio ao sonho

ainda acho que não é de minha culpa
a culpa de ter um bloqueio ao sonho

enfiei-me à socapa entre a secretária e a cadeira
herdadas do Estado Novo
para trabalhar, dia sim dia sim
até me cansar de vez
para o novo Estado.

ainda acho que não é mea culpa a frase com que devo
inscrever-me porque aqui fui ficando
entalada entre duas coisas inertes
a escrevinhar ofícios inconsequentes
na saturação dos dias infinitos.

não me vem a imaginação e o sonho bloqueado.
a repetição faz parte do meu vocabulário repetitivo e só
coitado. coitado. coitado.

ainda acho que não é minha culpa
a culpa de não procurar fora do sonho
a vida que afinal, teima em ser imaginada...
olha!, afinal vive
e até tens a fotogafia do momento:

tu e ele, em casa, os livros espalhados, fariam dinheiro
não sabes bem como, que interessa
se calhar sim, interessava veres com mais luz
e se vislumbrasses um sonho? que fazes tu?

ainda acho que não é minha esta culpa
não quero passar mal quero só passar,
afinal
sem esforço, sem pesados trabalhos
por aqui.

ainda acho que não é minha a culpa.
ainda
acho que é.