terça-feira, outubro 31, 2006
quinta-feira, outubro 26, 2006
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no baú da memória.. para o meu amigo Rui
Metade
E que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja para sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
a outra metade também.
Oswaldo Montenegro
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quarta-feira, outubro 25, 2006
Mareta em Abril I
Ela, lê de costas para o mar.
Como se assim o ruído a não perturbasse.
Ele, sobe e desce pelas rochas. Tem uma picareta.
Está a brincar.
Ela, usa um chapéu e usa óculos.
Ele, move-se, devagar treme.
Ela está concentrada e apanha sol.
Ele distrai-se picando a pedra.
Ela, ali sentada, na areia. Protege-o.
Ele ama-a.
[ Que idade terão ao certo?
O tempo já lhes mostrou umas quantas coisas por aí]
Ele, volta para junto dela, deixando pedras.
Ela ama-o.
Mareta em Abril II
Fazem companhia um ao outro.
Quando o que mais desejam é estar distantes.
Na aproximação não há palavras.
Ali encontram-se no silêncio das suas distracções.
Ele, vai e vem. Ela, não desvia o olhar do livro.
Ele quase resvala pelas rochas. Ela não desvia o olhar do livro.
Quando regressa com as pedras, ele pensa como seria bom ela nem sequer lhes tocar!
Ali, fazem companhia um ao outro.
Não se encontram muitas vezes.
09.04.2005
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quinta-feira, outubro 19, 2006
Acabei por comprar outro livro que não o aconselhado por ela, este estava em promoção!O outro ainda vai ter de aguardar mais uns dias. Enquanto falava com ela, sobre coisas da nossa vida, entrou uma cara conhecida...mais dois dedos de conversa. Simpatia a rodos não falta neste espaço...o que faltam são clientes. O que faltam são pessoas que preferem esperar pelo fim de semana, ou pelo fim do mês, consoante o caso, e visitar o gigantesco polvo do consumo cultural, essa tentação que se chama Fnac.
Quando saí de lá, passados 20 minutos, saí com um sorriso nos lábios..e enquanto caminhava pensei: "uma livraria pequena, mas já com muitos livritos, uma dona simpática e acolhedora, um espaço agradável para se folhearem livros, para se conversar um pouco, mesmo que não se queira ou possa levar algum livro para casa". Como tantos outros pequenos negócios, (sobre)vive dos clientes - dos fiéis e dos esporádicos, dos acidentais e dos menos distraídos.
Eu também vou à Fnac, aquilo é um apelo forte sim senhora!, mas...as livrarias pequenas e acolhedoras como a da minha amiga mereciam outra atenção, mereciam que mais de nós lá comprassem livros para que espaços destes, onde se procuram livros mas também se encontram outras coisas boas - quem não gosta de um dedo de conversa agradável? -, pudessem perdurar, pudessem solidificar-se nas nossas cidades, sem que os seus donos estejam sempre na corda bamba ou com o coração nas mãos! Quem corre por gosto no fascinante e desesperante 'negócio dos livros', merecia clientes mais generosos e mais atentos, mais amigos. Já decidi: a partir de ontem, ali comprarei mais livros, que a Fnac não precisa tanto de mim como eu de um espaço destes..
A quem interessar: Casa dos Livros, Évora. Eu não sei o nome da rua, mas em Évora há cada vez menos livrarias, deve ser fácil de encontrar...
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quarta-feira, outubro 18, 2006
WTF??!!
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Orçamento beneficia IRS de contribuintes casados e prejudica solteiros
16.10.2006 - 21h34 Lusa
Ora bem, ora bem....eis que se apresenta perante todos os portugueses uma verdadeira política de justiça financeira!!
Assim, os casados deixam de ficar prejudicados no projecto do OE para 2007, em matéria de IRS, mas os solteiros são PREJUDICADOS em relação ao articulado actual!!!
Justiça e equidade Sr Ministro?!...Tss, tsss....
PS - Alguém quer casar com a Carochinha??!
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segunda-feira, outubro 16, 2006
São como as cerejas
sexta-feira, outubro 13, 2006
La Petite Jerusalem
quinta-feira, outubro 12, 2006
pézinhos de lã
Há jogos que não fazem sentido. Ou vão deixando de o fazer. É como escrever em letras pequeninas quando se pode escrever com maiores.
ui....
:)
terça-feira, outubro 10, 2006
segunda-feira, outubro 09, 2006
quando a terra treme
sexta-feira, outubro 06, 2006
Penumbra > Luc Tuymans
terça-feira, outubro 03, 2006
Inesquecível
Uma boa surpresa esta memória de rádio http://www.radarlisboa.fm/, na poderosa voz de Jeff Buckley (saltaram os adjectivos 'suave' e 'doce'.. é voz que contém mais que isso, e o seu oposto também)