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O que é a vida?
O poeta grego que comparou o homem às folhas que não duram,
quando o inverno lhes roubou a esperança de viver de acordo com
os seus desejos, não saiu esta tarde para o campo, nem viu o
corpo que se interpôs entre o sol e os arbustos, ofuscando
o céu com a sua brancura de nuvem primaveril. Perguntou,
no entanto, de que serve a vida, e para que serve a alegria,
se não existe, para além delas, o horizonte dourado do amor;
e afastou da sua frente o crepúsculo, dizendo que preferia
a madrugada, logo que o galo canta, para despertar com
o próprio dia. Esse poeta, que o pó dos séculos sepultou,
e não chegou a encontrar qualquer resposta para as suas
dúvidas, aconselhou os que o liam a que se divertissem,
antes que a morte os surpreendesse. E lembro-me, por
vezes, deste pedido, ao pensar que a memória de alguém
se pode limitar a uma pequena frase, nem que seja a mais
banal das sentenças, que nos vem à cabeça numa ou noutra
circunstância. Então, o poeta grego continua vivo; e esta
tarde, por trás dos arbustos, ouvi a sua voz no vento que
por instantes soprou, trazendo com a sua frescura o sentimento
que sobrevive a todas as estações de uma vida humana.
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in As Coisas Mais Simples, Núno Júdice, D. Quixote, p. 67
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5 comentários:
O poeta grego continua vivo, mas o que ele diz já não interessa a ninguém... Que merda de vida esta!!!!
explica-me isso melhor
e já agora, assinado por baixo até era fixe..
Deixem a net e vão mas é trabalhar! Cambada de preguiçosos...
Apenas estava a ser pessimista! O poeta bem tentou; viu um pôr-do-sol, um azul brilhante num céu mediterrânico, mas enfim, o que é que ele pode fazer por nós hoje em dia? Temo que mt pouco.
PS- Vou ver se durmo mais para ver se vejo a esperança!!!!!!
Slade
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