domingo, maio 08, 2011

afinal, uma amiga dizia-me que o Bloco de Esquerda não poderia ter sido mais coerente ao não ir negociar a troika, uma vez que não reconhece legitimidade a tais entidades: na forma de chegar, ver e vencer, como se a nossa crise, só tivesse uma solução. a Islândia surge como exemplo do oposto ao que nos está a acontecer, ou seja, como país que encontrou alternativas ao FMI. a Islândia é tão diferente de Portugal disse eu, a começar na base demográfica (a deles muito menor que a nossa, logo, menos cabeças a unir..) e a acabar na literacia, que a nossa é uma desgraça: quem não lê, não sabe, não esgrime argumentos fruto de reflexão ponderada. logo, quanto mais inculto é um povo, mais difícil convencê-lo de alternativas ao dominante, ao instalado, ao seguro. acabei por considerar os argumentos dela melhores que os meus, que andava meio lixada por os tipos não terem ido negociar a coisa, ao lado do Carvalho da Silva, e argumentei falta de coragem política e pouca ambição de ser Governo, ou seja, aquela coisa da eterna oposição. e já agora, de fazê-lo com políticas alternativas, tarefa hercúlea num país entalado integrado numa união europeia, numa Europa de novo "dominada" pelos alemães - só me vem à memória o jogo do Risco, que recentemente aprendi a jogar - pois a quem mais e melhor interessam estes resgates dos mais fracos? os banqueiros alemães devem sorrir de contentes por estes dias, e da Islândia, meus amigos, nem pio, não se ouve falar em lado nenhum das suas hortas comunitárias. utopia?
já somos 3 amarrados a uma dívida terrível que acarreta tristeza, ansiedade, menos e pior comidinha na mesa, e no nosso caso particular, mais perda de auto-estima, característica portuguesa que sempre foi uma merda, como todos sabemos. também trará uma pequena lição de como não gastar o que se tem e o que não se tem, em merdas que na maioria das vezes não nos trazem felicidade nenhuma - alguém inventou que prazer é felicidade, e deve ter feito milhões...
orgasmos consumistas preenchem vazios em seres que se levantam de manhã para encher os bolsos de uns poucos sentados em poltronas polidas de seguradoras, bancos, farmacêuticas, e afins a cheirar a pôdre. enquanto isso, também nem tudo é assim tão mau é há quem se organize em formas de estar e viver a vidinha, com alguns princípios éticos, estratégias e alternativas de produzir, consumir, comer, viajar, aprender e ensinar. ética. sentido ético, solidário, comunitário, democrático. mas não, pá, a malta acha que isto é uma fatalidade e que outra coisa se poderia fazer senão aceitar que o FMI é a única solução, quando estamos à beira da bancarrota? ah pois é...mais vale ir cantar umas coisitas engraçadas ao festival eurovisão, para animar a malta, e pelo meio fazer uns trocos valentes que a malta tem de viver, pá, uns belos contratos discográficos e muitos concertos e bares abertos é o que a malta realmente quer, pá. 
enfim, legitimamos estruturas que nos enganam, governos de vistas curtas, políticos que nos mentem, poderes invisíveis que nos traçam regras e dízimos, porque achamos sempre que é assim, sempre foi assim e tem de continuar a ser assim. o que mais custa é ver-me no meio disto, fazer análises sociológicas sem a metodologia da tese de doutoramento que isto é só um blogue, e ainda assim, "assistir" à inevitabilidade das coisas, como boa portuguesa que sou. é como se tivesse de resignar-me a aceitar que o homem é o predador de si mesmo e a felicidade é uma invenção de uns quantos que se enganaram de planeta.

é que eu ando a tentar ser feliz, porra.
:)

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