"A
poesia é feita e desfeita da volúvel matéria das palavras, dos seus
murmúrios, dos seus sentidos, dos seus tantas vezes misteriosos
propósitos. E das raízes das palavras no mundo onde desgarradamente se
prende a solidão no mundo, do formidável poder das palavras não apenas
de nomear mas de fazer o mundo.
Hoje sou menos ambicioso, já não
escrevo poesia para mudar o mundo mas tão-só para evitar que o mundo me
mude a mim. No entanto, como pode alguém proteger-se do mundo ( nem de
uma constipação, quanto mais do mundo! ) atrás de uns livros de versos?"
Manuel António Pina
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