de que me serve ser bonita?
se de luxúria incandescente
não alimento a alma com a fruta dourada e cheia.
de que me serve ser
bonita?
serve os teus olhos, intensos, insandecidos
sorvendo na minha tez.
de que me serve ser bonita?
se vomitei a pergunta na penumbra e em ti poderá nunca nascer a palavra
outra.
outra.
de que me serve ser bonita?
se não sei o silêncio em mim mas sei não pedir flores
(disseram-me que não se pedem flores).
de que me serve ser bonita?
se os meus olhos mudaram tristes
e justos sei os teus se não querem ver.
de que me serve ser bonita?
se nos precipito e não páro o Tempo com um chicote de voltear
porque não sou deusa.
de que me serve ser bonita?
se me derretes de sons e lambes o sabor da cereja que escorre
mas não sei o que (te) fica e não sei se quero saber.
de que me serve ser bonita se não sei nada?
se me perdi na análise refogada do real
ou do sonho a escorregar nas persianas das minhas pestanas.
de que me serve ser bonita?
se a palavra não nascer?
e tu não sabes responder-me. e eu não posso perguntar
de que me serve ser bonita?
(no meio tudo o que me
ofereces é belo não sou injusta).
Sem comentários:
Enviar um comentário