quinta-feira, dezembro 07, 2006

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Sem cor

Cruzei-me com um, de manhã, quando vinha trabalhar. Ontem, cruzei-me com três. A cidade não é grande, raramente são vistos, ou porque são poucos, ou porque se escondem, ou porque não calha..
Vinha a cantarolar uma música qualquer que me entrou no ouvido desde ontem, ainda não a larguei. Nem sei porquê. Ele passou por mim, na berma, olhou para dentro do carro e parei de cantar. Nó.
Olhou-me e senti loucura no olhar. Se calhar nem vive na rua, se calhar tem um tecto, mas não deixa de ser um deles....vi-o claramente, no vaguear. Esqueci-me da música, era daquelas para esquecer, o semblante ficou-me carregado. A condizer com o cinza do dia.
A condizer com a aura dele, quase sem cor.
De manhã, o meu dia ficou sem cor. Rima com dor. Com desamor. A condizer com algumas vidas.


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