terça-feira, setembro 18, 2007

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Dormi na beira do rio junto aos sons
De pássaros mil desatentos que brincavam
Sonhei os espantos escondidos das serras
Fervilhantes águas transparentes a cantar
(vi os teus olhos cobertos de cores eternas)

Trouxe de longe uma semente pura, luz
Para plantar um amor respigante e doce
Na sombra o anseio vil de que me afasto
Há trigais juras - eternas - em teu regaço

Vi terra húmida e verde e forte
Rios correndo num pranto doce
Até ao mar que emprenham quente
Deixando bermas de acaso e sorte

Foi desencanto já não é maior
Nem cresceria com tal esplendor
São rios, serras, amor e sorte
São vidas escritas em dor com cor

E o vento calmo que me acordou
Veio na aurora de fugaz durar
O tom perfeito da tua voz, soprou
Por entre os vales até me achar

Évora, 12 - 18 Setembro 2007