quarta-feira, maio 30, 2007


"Senta-se cruzando as pernas, pendura-as no braço da cadeira baloiça o pé numa cadência regular enquanto acende um cigarro, levanta o olhar quer ver o céu, são poucos segundos, não fixa o olhar por muito tempo volta a cabeça seguindo um pássaro que atravessa velozmente aquele pedaço de azul a descoberto, olha para os vasos, as flores, o sino da igreja que parece distante ergue-se muito perto do sítio onde se encontra, olha de novo para o céu à procura de nuvens, das formas das nuvens, elas desenham-lhe sempre alguma coisa, percebe-o ao fim de alguns segundos de concentração não fazem sentido, mas continua a olhar, a procurar, até o cigarro acabar até a música que soa ao longe o chamar para dentro, anda, vem para aqui, que fazes aí?, vem para dentro. E ele vai.
No dia seguinte senta-se lá fora com o entardecer ameno, cigarro, copo, quase sempre leva alguma coisa consigo, olha o céu, ouve os pássaros naquela azáfama viva, eterna, sorri, a campânula perto que é longe, longe que é perto, as flores e os vasos, nuvens, vento, brisa que afasta augúrios telúricos dali, são apenas uns segundo sorri, não encontra, não pensa, pensa demais, e ainda não sabe volta para dentro, a música chama-o agrada-lhe o recolhimento do sofá, da televisão ligada sem som, vai dormir e adormecer sonha que é uma folha em branco, o branco de todas as cores."

quinta-feira, maio 24, 2007



a minha estreia. estou contente:)

quarta-feira, maio 23, 2007

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disponível para amar



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A primeira vez que li o nome deste filme, na minha língua, fiquei fascinada. Achei-o belíssimo. Achei que teria de dar crédito aos tradutores de títulos de filmes, pessoas por quem não nutro particular admiração tendo em conta o panorama geral em Portugal. Mas este, bem, este fez-me acreditar. I believe..
É certo que provavelmente a tradução não seria difícil, em inglês por exemplo, o título é in the mood for love mas, o que me interessa mesmo, e aquilo que me despertou a atenção foi o que o título transporta, a sua sonoridade, a sugestão, a poesia, a intenção...está lá tudo. Disponível para amar.
Costumo brincar em trocadilhos com este título, usando-o em conversas: "disponível para amar (sabes?, ainda não estou...)" ou "estaremos disponiveis para amar, nós?" ou ainda "estás disponível para amar" ou simplesmente "disponível para amar, que será isso?".
A outros até pode sugerir algo menos melancólico, menos lírico: "Disponível para amar, com Barbara Hot Galore, o soft porno como nunca o viu!"
Mas eu não...eu é mais bolos.
E depois, ontem, sim ontem à noite, fui ver o filme. Ando há anos para o fazer. Nem sei bem porque nunca o fiz, não me recordo bem. Terá sido por recear que o filme não correspondesse à sensação gerada pelo título? Terá sido por falta de disponibilidade? Terá sido desleixo? Terá sido porque pensei que ia adormecer a meio? Pode nem ter sido nenhuma destas, ou podem ter sido todas.
Mas fui, e ainda bem que fui ontem, amanhã nunca se sabe onde podemos estar.
É um filme dos 'meus', está lá algo daquilo que eu poria lá também se me propusesse a realizar filmes, sim, está.
O par, dizem em todo o lado, vive um amor fantasma. Ok, e eu concordo. E acrescento apenas isto: há várias formas de amar, há várias disponibilidades para o amor, há inúmeras possibilidades da sua concretização, tal como inúmeras impossibilidades ainda que se ame, há a felicidade, também, sim, na impossibilidade, nas escolhas aparentemente paradoxais de cada ser humano (ou só de alguns seres humanos? etéreos fantasmas de si? etéreos fantasmas dos outros?), mas eu acredito nela, e acredito que este é um filme "feliz" ainda que nunca o par se tenha beijado, ainda que nunca tenham feito o amor, ainda que se toquem ao de leve apenas, ainda que se afastem.... isto foi o que Hong Kar-Wai me deu de perfeito, está na forma como me ofereceu este belíssimo filme: a sugestão. E o que é a vida, o amor, senão a sugestão da vida e do amor?
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terça-feira, maio 22, 2007

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La Pietà
Michelangelo Buonarroti
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quinta-feira, maio 17, 2007

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Foi aquele olhar que pintei para sempre
Sei-o
Puro, mágico, irrepetível
De dia e hora esquecidos
Moldura em torno dos rostos, nossos, a afastar o mundo
E éramos sós, na silenciosa beleza daquele amor.

Quadro que viajará comigo
Agora pendurado na parede da minha alma
Embalado na serenidade que envolve as certezas calmas
E onde repousei o meu sorriso.

Não sei do eterno retorno das coisas
Não levo uma parede nua
Não espero novidades
Quero sonhos.

A paz em pontas de dedo...tocam-me a medo?
Sou viva na inquietação

Passo
E permaneço.

Évora, Maio de 2007
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quarta-feira, maio 16, 2007

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blank
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terça-feira, maio 15, 2007

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Insónia.
Quando os outros estão ausentes. Escondidos.

Silêncio.
Nele correm as horas que enlevam o meu pensamento.

Incerteza.
É a escuridão da noite que me embala o sono.

Desejo.
Ao ser habitante da minha alma.

Inquieto.
Foge o meu coração.

Sonho.
Aqui, nunca estou.
Não estou por perto...



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segunda-feira, maio 14, 2007

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Speaker's Corner

Deus pode bem ter um nome e uma morada.
E pode dar-se o caso de podermos estar a ouvir a sua voz.
Sufjan Stevens é de Detroit.
Em "Illinois" ele compõe canções belas, para nós, comuns mortais.






http://www.pitchforkmedia.com/article/record_review/22059-illinois?artist_title=22059-illinois

http://asthmatickitty.com/musicians.php?artistID=5
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sexta-feira, maio 11, 2007

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Os Cantos de Maldoror dos Mão Morta



Estreia hoje em Braga, no Theatro Circo

"Adolfo Luxúria Canibal rodeou-se de cúmplices para pôr em palco a obra "Os Cantos de Maldoror", de Isidore Ducasse (sob o pseudónimo de Conde de Lautréamont). O espectáculo tem música, teatro, vídeo e declamação. E tem uma aura de negrume, crueza e desconcerto que faz eco do universo Mão Morta."

http://www.mao-morta.org/

Outras apresentações:
PORTALEGRE, Centro de Artes do Espectáculo, a 19 de Maio.


quinta-feira, maio 10, 2007

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quarta-feira, maio 09, 2007

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mentira. não sou.


Verdade.

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segunda-feira, maio 07, 2007

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et....Vive la France?



Pois é.
Monsieur Sarkozy eleito... agora, vamos aguardar e assistir ao tratamento que ele vai dar à 'escumalha'.
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sábado, maio 05, 2007

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Inteira

Sou inteira quando escrevo.

Quando escrevo sou inteira.
Sou mais eu do que sou
Quando sou apenas eu.

Quando escrevo sou outra
Que não eu, se apenas sou.

Sou inteira quando escrevo.


Évora, Maio 2007
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