quarta-feira, maio 30, 2007


"Senta-se cruzando as pernas, pendura-as no braço da cadeira baloiça o pé numa cadência regular enquanto acende um cigarro, levanta o olhar quer ver o céu, são poucos segundos, não fixa o olhar por muito tempo volta a cabeça seguindo um pássaro que atravessa velozmente aquele pedaço de azul a descoberto, olha para os vasos, as flores, o sino da igreja que parece distante ergue-se muito perto do sítio onde se encontra, olha de novo para o céu à procura de nuvens, das formas das nuvens, elas desenham-lhe sempre alguma coisa, percebe-o ao fim de alguns segundos de concentração não fazem sentido, mas continua a olhar, a procurar, até o cigarro acabar até a música que soa ao longe o chamar para dentro, anda, vem para aqui, que fazes aí?, vem para dentro. E ele vai.
No dia seguinte senta-se lá fora com o entardecer ameno, cigarro, copo, quase sempre leva alguma coisa consigo, olha o céu, ouve os pássaros naquela azáfama viva, eterna, sorri, a campânula perto que é longe, longe que é perto, as flores e os vasos, nuvens, vento, brisa que afasta augúrios telúricos dali, são apenas uns segundo sorri, não encontra, não pensa, pensa demais, e ainda não sabe volta para dentro, a música chama-o agrada-lhe o recolhimento do sofá, da televisão ligada sem som, vai dormir e adormecer sonha que é uma folha em branco, o branco de todas as cores."

2 comentários:

Anónimo disse...

e, de alguma forma, o céu olha-o.

Anónimo disse...

...o céu que nos protege.
:)