quinta-feira, novembro 25, 2010

a angústia do guarda-redes antes do penálti

não é óbvio ou assim evidente (é óbvio e evidente...) que 80% das coisas que penso e sinto não as consigo deixar aqui no meu blogue, porque ele não é meu, ainda que não tenha sitemeter para saber de quem mais ele é. 

se metade daquilo que sinto e tenho vontade de escrever fosse aqui publicado,provavelmente (porque nada é óbvio e evidente) não saberia como sair de casa no dia seguinte.


e não estou a referir-me a coisas do tipo fantasia sexual ou o que realmente sinto em relação a um amigo próximo.


nã. não é disso que eu falo. mas como é óbvio e evidente, não vou escrever 80% das coisas que sinto, que penso.

e também sei, porque é óbvio e evidente, que este post é provocador, que seriam precisos tomates que não tenho para ser genuína na escrita e desempoeirada na atitude.


e quem eu mais gostava que me lesse (as minhas amigas distantes) nem o deve fazer porque nem tempo têm para isto, esta coisa de andar a ler o que lhe vai na cabeça e na alma não é para elas, e eu ainda assim insisto. 

mas nem com provocações vou lá.


e como é óbvio e evidente, estou a pedir mimo. está muito frio aqui no sofá.


bem, vou aceitar o convite e beber um copo (4) num bar horrível para não ficar aqui a pensar na hérnia discal que parece que tenho que não percebo nada dos hieróglifos da TAC.

e lá se vai o surf (sim, sim, estava mesmo a ver-te..) e o ginásio e as subidas de montanhas à maluca, e estou muito, muito, mesmo triste e cheia de penita de mim:(:(


quarta-feira, novembro 24, 2010

em greve, estamos

"Car@s Alun@s,


Venho comunicar-vos que hoje, mal chegue à Universidade, comunicarei, para os devidos efeitos administrativos, que estou em greve. Com efeito, estou pessoalmente um bocado aborrecido com um Senhor que dá pelo nome de «Mercados financeiros internacionais», que é liberal para impor condições que beneficiem e maximizem os seus lucros, mas é fortemente intervencionista quando se trata de exigir aos Estados que intervenham para o salvar, voltando a ser liberal quando se sente melhor de saúde, graças aos medicamentos que nós, contribuintes, lhe comprámos... E, colateralmente, aborreço-me com a classe política que, de muitos sectores, não consegue ver isso.
Estarei, contudo, disponível para tirar dúvidas ou conversar sobre trabalhos facultativos para a cadeira de Filosofia do Direito.
Cordiais cumprimentos!
SRC"

Silvério da Rocha e Cunha
(Professor da Universidade de Évora )

sábado, novembro 20, 2010

as broas da zinha

é da influência das amigas que querem ser chefes de cozinha e inventar umas coisas giras e saborosas, é da influência de blogues como o salivante flagrante delícia, é por influência das colegas - a zinha é mãe de uma delas - e de livros e filmes de que oiço falar, é por ser gulosa, é por saber que não cozinho mal e até gosto de andar a inventar um bocado com as especiarias, é por ser outono e saber bem o calor do forno que hoje dediquei metade do dia às compras de comida e ingredientes e uma  pequena parte a confeccionar umas broas de erva doce e canela e açucar amarelo que ficaram cozidas demais porque o meu forno é uma trampa mas ainda assim sabem bem e já marcharam umas quantas cá em casa. nham...
e a alheirinha caseira com grelos de nabo do jantar de sexta-feira já ninguém me tira. é isso e os gramas a mais que já cá cantam, esses também ninguém mos tira. chatice, pá...!

sexta-feira, novembro 19, 2010

tanto inho

rodeada de meninos e meninas de 2 anos durante cerca de meia hora, sentada numa cadeirinha que pensei que se fosse partir com o meu peso em cima. eram todos lindos, fofinhos, eram mesmo. fartei-me de ver livrinhos, disse muitas coisinhas tontas aos meninos e meninas e sorri bastante. mas...o dia inteiro a ouvir o barulhinho deles todos juntos, não é para qualquer um. e a dada altura, quando sozinha noutra sala e a ouvi-los ao longe, pensei que definitivamente gosto mesmo de silêncio(s) embora seja uma tagarela de primeira apanha. trabalhar mesmo, era sem tanto barulhinho ainda que bom. respeitinho pelos educadores e professores de meninos e meninas deste país. e já agora, para quem trabalha com oito mulheres numa única sala, devia era estar caladinha.

quinta-feira, novembro 18, 2010

mistérios de évora

maybe, just maybe in another life I was an english speakin' woman, living around the XVII or XVIII century, wearing those long dresses with espartilhos, fallin' in love with the first green eye tall man who invites me to dance in a dance hall of an exquisit house. I spend my time between a garden and a greenhouse and a cosy kitchen. and 'cause my english is not that good, I suppose it means I wasn't a very educated person, and by education I mean litteracy, so I was probably poor and with some luck, I was the maid of the house. maybe, just maybe, the housekeeper, who one day marries the landlord who happens to be the owner of beatifull eyes. green. maybe, just maybe I'm a little bit out of imagination. I wonder if I had a stepmother and washed the stairs all day in my youth?...mmm..maybe it's better If I go to bed now.

domingo, novembro 14, 2010

rtp 2

posso dizer que sendo habitual consumidora do canal 2 do serviço público de televisão, estou em condições mínimas de avaliar o conteúdo de programas apresentados, e este,  transmite-me genuínas reservas mas por vezes, caso de hoje, surpreendida fui pela positiva.
a minha série de tv favorita era o six feet under e não havia 2.ª-feira ao serão em que eu não ficasse em casa para assistir a cada episódio que a :2 emitia. era ver-me trocar sms com uma amiga quando chegava ao fim só para comentar alguma cena ou alguma coisa relativa ao episódio que nos deixasse mais entusiasmadas ou entristecidas...também era na  :2 que eu via com o meu irmão a série Twilight Zone, a preto e branco, no quarto da minha mãe porque àquela hora via-se o telejornal na sala. bom, mas se fosse agora desenrolar a lista de coisas que vi na dois, tornava isto chato e não quero isso.
apenas dizer que hoje, enquanto avanço contente com o cachecol que ando a fazer, estou a ouvir e a deitar olho (oops, a malhinha que fugiu..!)  à rtp 2 e vi um documentário muito bem feito, narrado por Diogo Infante esse detentor de poética voz, sobre o livro Esteiros de Soeiro Pereira Gomes, numa excelente série que se chama Grandes Livros e passa neste canal aos domingos ao fim do dia. sabia que SPG tinha sido de esquerda, provavelmente comunista e isto porque havia lá em casa uns livros dele na prateleira, da Editorial Caminho (conotada com a esquerda e "sustentada" anos pelo PCP, agora não sei,e que editava os ditos autores de esquerda). o documentário confirmou que sim, foi membro do partido comunista, viveu uma boa parte da sua vida na clandestinidade e afastado da mulher até morrer de cancro aos 40 anos. escreveu esta que é considerada uma obra exemplar do neo-realismo português, retrata a vida de uma quadrilha de miúdos de 11, 12 anos que trabalham como operários a fazer telhas na zona do Ribatejo, nos tempos da ditadura, ou seja, retrata a realidade que Soeiro "observava" da janela de sua casa. a dos meninos que eram homens à força. logo a seguir a este vi outro documentário de que gostei, da série Conversas No Cabeleireiro, em que cada episódio retrata a vida de 1 mulher , numa série de 5. falam um pouco da sua vida, enquanto sentadas num salão de cabeleiro antigo no Chiado. a visada hoje foi a endocrinologista Isabel do Carmo, também de esquerda, também ligada ao PCP. diria que hoje a :2 está deveras 'virada à esquerda,' e não me refiro à esquerda socialista, o que tem a sua piada.
por mim só tenho a agradecer o serviço público prestado nestas interessantes produções nacionais, para compensar o resto da programação nhónhó com que tenho de papar. eu que teimo em não meter tv cabo cá em casa, para ver 5 canais e ter de pagar 876, recuso-me.
agora, depois dos Simpsons, uma série documental francesa sobre a vida dos Kennedy. eu diria que é o melhor dia de semana para ver este canal, depois daquelas horas intermináveis de desporto sensaborão, mas a partir das 19h e até tarde, é de seguida e é quando estou mais tempo frente ao televisor. até porque sou fã incondicional da BritCom.
venham elas, as coisas boas na têbê, que qualidade é coisa rara no ecrã que mudou o mundo.


segunda-feira, novembro 08, 2010

(vieram -me lágrimas aos olhos com este excerto)

Há cada vez mais crianças com carências alimentares. Algumas cantinas escolares vão abrir ao fim de semana e nas férias. Professores asseguram alimentos, livros e roupa.


«Apesar de graves, muitos casos não são fáceis de detetar. "As crianças aprenderam a encobrir a sua pobreza", explica Sandra Santos, assistente social no Agrupamento de Escolas da Damaia (Amadora), onde 60% dos alunos são carenciados. Por vezes, não confessam o problema aos professores, mas pedem ajuda aos amigos da turma. "Notámos, por exemplo, que havia alunos que não comiam o pão do almoço ou a sandes do lanche, mas que os guardavam. Ficámos atentos e percebemos que iam discretamente ao pátio dar o que não comeram a um colega que lhes tinha pedido para poder levar para casa. De alguns desses casos nem sequer tínhamos consciência", diz.»

Texto publicado na edição do Expresso de 6 de novembro de 2010

o artigo todo, aqui

 

terça-feira, novembro 02, 2010

segunda-feira, novembro 01, 2010

filmes

ontem, enquanto esperava sentada na cadeira de rodas (nunca tinha andado numa) para ser vista nas ugências do s. francisco xavier, observava atentamente aquela gente que por ali andava nos corredores, um entra e sai de médicos, enfermeiros, auxiliares, pacientes e acompanhantes, bombeiros e outros não identificáveis e imaginava-me a trabalhar ali, ou em outro hospital, sítios que, apercebo-me, exercem em mim um certo "fascínio" que nunca pensei ter mas, afinal, parece que tenho. sou fantasista desde pequenina e sempre gostei de séries televisivas com médicos e hospitais e posso bem estar a confundir ficção com realidade mas parece-me que não é bem  isso. também não sei o que seja, e consigo vislumbrar as diferenças entre o meu centro de sáude e as minhas parcas visitas ao médico e entre os hospitais que conheço mal, e as séries com os médicos giraços, as cenas quentes na arrecadação de material, as tricas e a ironia do House em gabinetes de fazer inveja a um secretário de estado cá do burgo, o frenesim da chegada dos feridos ao banco de urgências no ER, as crises existênciais da Meredith anatómica, e por aí fora...nada de confusões, sei bem que os nossos hospitais e médicos são muito menos glamourosos e as histórias picantes são muito mais banais que as das séries da TV. mas pronto, imaginava-me trabalhar num hospital. a fantasia da minha personalidade pouco ambiciosa e preguiçosa transfigura-me numa enfermeira dedicada e paciente, atarefada e empenhada,  a passar bisturis a cirurgiões em salas de cirurgia de um hospital grande e urbano, e por isso mesmo, por ser pouco ambiciosa e preguiçosa, a não ser antes a médica que pede o bisturi para abrir a barriga do paciente - isso seria sonhar demasiado alto, embora seja pessoa de ver entranhas sem desmaiar quase de certezinha ainda que nunca tenha visto ninguém com os intestinos de fora. dizia eu que, enquanto esperava (para ser vista por um ortopedista cheio de ironia e muito charme e levar uma injeçãozinha no rabiosque dada pelo enfermeiro mais giraço que até hoje vi) pensei que devia ter estudado para trabalhar num hospital, onde se calhar haveria mais adrenalina, mais sensação de utilidade pública, maior proximidade com os problemas reais do outro, mais realização pessoal, mais qualquer coisa ainda que não saiba explicar que coisa é essa. e depois, teria um curso muito específico e útil em qualquer parte do mundo e metia-me na AMI e ala por esse planeta fora. sonhar não faz mal pois não? foi nisso que pensei enquanto a minha mãe ia dizendo o que sempre disse "odeio hospitais, fico tão nervosa" e fica realmente transtornada enquanto eu a acalmo, como fiz da outra vez que fui operada ao olho, a minha calma é estranha, e obviamente nunca tive nada de grave e sério mas é como se confiasse irracionalmente naquela gente, naqueles sítios de curar e morrer, de nascer e perder, e sei o quão mal dizemos deles e do SNS e muitas das vezes com razão. mas sei lá, sei que teve piada que o médico tivesse exactamente a mesma ideia que eu quando pediu para a minha mãe entrar na sala e "vamos pregar um pequeno susto à mãezinha.." com um ar de ironia irritante mas que a mim me divertiu, e não foi ele mas fui eu quem lhe deu a notícia falsa que ele imediatamente corrigiu mal me deixando acabar a frase, porque foi só a brincar e ela mal teve tempo de ouvir bem, pelo que nem se assustou e ainda bem, era mesmo só brincadeirinha porque o humor tem que entrar nestas coisas, mesmo quando são sérias, que não era o caso. o caso foi que me deu uma dor lancinante nas costas e fiquei especada no meio de um centro comercial em plena tarde de domingo chuvoso, sem me conseguir quase mexer, mal andar e respirar, irra, que dorzinha lixada, mas por enquanto, parece que não foi nada de sério e grave, e por isso o tom leve desta crónica.
no final da história eu teria apenas uma lombalgia de esforço (diagnóstico primário do médico charmoso e irónico, senhor para ter aí uns 15% de personalidade Dr House) e de novo entraria naquelas urgências por um qualquer motivo light, o mesmo médico iria atender-me e apaixonava-se por mim e eu por ele, o enfermeiro seria convidado para o casamento (mais tarde, muito mais tarde, quando eu e o Dr House tuga já estivessemos um bocado fartos de ir para a arrecadação - sim, eu entretanto tirava o curso de enfermagem e seriamos colegas embora mal nos vissemos porque a minha especialidade seria cirurgia e a dele apenas a ortopedia (!) e então aí, o enfermeiro do 1,90m teria um caso tórrido comigo que duraria apenas 5 meses porque apesar de tudo o meu amor era o ortopedista charmoso e gozão) e viviamos felizes para sempre com os nossos salários do SNS, pois nem eu nem ele exerceriamos clínica privada por acreditarmos no SNS e sermos de esquerda radical e os nossos princípios incompativeis com práticas médicas burguesas. historieta gira, não?
viver no campo dá  nisto..

The End