quarta-feira, janeiro 24, 2007

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Transgénicos fora do prato?

O tema de discussão de hoje na RDP Antena 1, é sobre a questão dos produtos transgénicos.
Das participações em linha (biólogos, engenheiros agrícolas, produtores agricultura biológica, políticos, professores..), são praticamente todas unânimes em relação ao facto de esta ser uma matéria sobre a qual há ainda muito poucos estudos sobre os efeitos não só na Natureza, como no ser humano.
Mas levantam-se questões como a da produção de sementes transgénicas ter por trás grandes empresas e interesses económicos vastos; a sua produção levar ao surgimento de sementes resistentes à aplicação de herbicidas - permitem que mais produto seja aplicado, logo, levam a um impacto maior e mais negativo sobre os solos e sobre o ambiente; a questão de estas sementes não poderem voltar a ser 'usadas' (sementes terminator) ou seja, perdem o seu poder germinativo, o que em extremo poderia levar à extinção do processo natural de 'reutilização' das sementes (método milenar e natural, depurado pelo Homem) e consequentemente levar ao aumento da dependência dos agricultores em relação às empresas que colocam as sementes de transgénicos no mercado, ou seja, ao aumento das suas vendas e lucros; a questão da falta de rotulagem nas rações que são dadas aos animais, sabendo-se hoje que 95 % desta produção de transgénicos é canalizada para estas rações e outros produtos sem rotulagem (apesar da resistência dos consumidores nomeadamente na Europa, a estes produtos, a sua produção tem aumentado, para onde vão?) e nem sequer há legislação que obrigue à rotulagem destas rações, o próprio produtor não sabe o que vem dentro do saco...isto leva a que a carne nos supermercados, talhos, etc, também não contenha no seu rótulo, a origem das rações do animal, pelo que não sabemos se estamos a comer carne e até derivados do animal (leite, etc) que acabam por ser alimentados com/conter transgénicos; falou-se da questão da falta de estudos e informação sobre o que acontece a estes animais que são alimentados com transgénicos; há um testemunho que defende a sua utilização e cultura, nomeadamente porque aumenta a produção em 2 a 3 vezes mais que na cultura de sementes normal, precisamente por serem sementes mais resistentes a pragas (contraria de algum modo o testemunho do colega engenheiro agricola que diz que estas sementes são resistentes aos herbicidas, tendo de ser este utilizado em maior quantidade) e que os agricultores têm direito a lucrar com o que produzem, porque a agricultura é neste momento uma indústria; um professor universitário contraria a engenheira zootécnica que afirmava não existir na rotulagem a origem das rações, ao afirmar que estas são rotuladas, sim; enfim...há contrariedade e dúvidas, há falta de informação credível, há pelos visos falta de evidências sobre esta matéria. Mas em caso de dúvida, há a precaução. Se ainda não há certezas - de repente lembro-me (pelo que de humano se revela nesta tendência de nos dividirmos quase sempre em duas facções) da questão do aquecimento global, com os 'cépticos' que afirmam ser um fenómeno normal da Natureza, e os que afirmam ser contribuição da actividade humana, estes em maior número, ainda que em relação a esta matéria as evidências estejam à vista - e se ainda não existem estudos suficientes sobre os efeitos dos transgénicos na nossa cadeia alimentar, ficamos na incerteza. Mas o melhor é precaver-mo-nos. Vou ficar a ponderar como fazê-lo, dentro das minhas possibilidades... Entretanto, pode ser que daqui a 20 anos, descubram que o milho das pipocas e a soja transgénica das rações das vacas, sejam a causa do meu cancro no estômago. Ou não.
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2 comentários:

Silk disse...

...err..percebi que a minha última frase pode ter deixado alguns amigos preocupados, passo a esclarecer: eu não tenho cancro no estômago.

[ainda...]
:))))

Blackberry disse...

ehehehehehehe!!!! obrigada!