quinta-feira, junho 28, 2007

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uma palmada bem dada

É o nome do blogue de C., uma moça brasileira de 23 anos apenas, ela escreve coisas deliciosas. Eu gosto bastante. Aliás, já somos 3 por terras lusas, fãs de uma palmada bem dada. Fica o endereço aqui ao lado, para espreitarem se vos apetecer, eu cá acho que vale a pena!
E para aguçar o apetite, deixo o post seguinte:

"Juliana, anote aí: “A complexidade é culpa da solidão
isso de muita cultura é coisa de gente sozinha.isso de ver todos os filmes, de ler todos os clássicos, os bons lançamentos... isso de saber nome de diretor, de fotógrafo, de artista plástico, de compositor de trilha-sonora... isso tudo é coisa de quem, acima de tudo, tem solidão. precisa saber, ter, agregar valor, se ocupar, impressionar, seduzir. e as razões pelas quais você preza pela solidão, eu ignoro. na verdade nem sei se preza. talvez você quisesse mesmo era trocar toda a sua estante de livros por um marido. toda sua solidão por um fogão.porque ser 1 só, parece que é tenso. é muito espelho, muita pose, muita preocupação com o alheio, muito mundo em volta. dá vontade de chorar a quantidade de coisa que tem pra aprender. dá tristeza a variedade de coisa que tem pra ser. muito corte de cabelo, muito tipo de maquiagem, muita roupa, muito colar, brinco, pulseira. as vezes faz falta um anel no anelar. as vezes faz falta bem mais do que isso.falar é coisa que tem hora que cansa. e a estética das coisas também é finita. chega um dia que até o seu cigarro perde o charme e sobra só o gosto e o cheiro ruim.essa mania que você tem de ser sempre cool, de entender de circo, de rock, de moda, de luz, de cores, de cliques perfeitos... essa mania de escrever sobre si mesma, de reparar nos outros, de usar roupa estampada, de ser estilosa... esses seus óculos escuros, esses seus bares da vida... sua juventude, seu paradigma, sua liberdade. a insignificância da sua dedicação enquanto espera que alguém te roube de dentro de ti.mas você fica calma que acontece. acontece em qualquer hora dessas quando vc está ocupada se ocupando da sua solidão. é no metrô, enquanto você volta pra casa do seu trabalho pós-moderníssimo. você lendo saramago, sozinha, num banco que é pra dois.até que ele um dia senta do teu lado. e quando você olha no olho dele se lembra de toda a sua infância e não se constrange. ele então pergunta o seu nome. e você diz com toda a certeza: o meu é esposa e o seu é marido.
daquela estação em diante você entende duas coisas:o espelho agora mora no olho dele e o mundo é do tamanho de um banco de metrô pra dois."


in http://palmadabemdada.blogspot.com/
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4 comentários:

Sandalf disse...

As 3 inclui-me a mim.
Adorei.

kataklismo disse...

Onde é que a encontraste? :P

Anónimo disse...

então, já somos 4!
...

no meu favorito de música: http://umpombo.blogspot.com/

Conheces?

:P

Anónimo disse...

:)