quinta-feira, abril 17, 2014

de que me serve ser bonita?
se de luxúria incandescente
não alimento a alma com a fruta dourada e cheia.

de que me serve ser bonita?
serve os teus olhos, intensos,  insandecidos
sorvendo na minha tez.

de que me serve ser bonita?
se vomitei a pergunta na penumbra e em ti poderá nunca nascer a palavra
outra.


de que me serve ser bonita?
se não sei o silêncio em mim mas sei não pedir flores
(disseram-me que não se pedem flores).

de que me serve ser bonita?
se os meus olhos mudaram tristes
e justos sei os teus se não querem ver.

de que me serve ser bonita?
se nos precipito e não páro o Tempo com um chicote de voltear
porque não sou deusa.

de que me serve ser bonita?
se me derretes de sons e lambes o sabor da cereja que escorre
mas não sei o que (te) fica e não sei se quero saber.

de que me serve ser bonita se não sei nada? 
se me perdi na análise refogada do real 
ou do sonho a escorregar nas persianas das minhas pestanas.

de que me serve ser bonita?
se a palavra não nascer?
e tu não sabes responder-me. e eu não posso perguntar
de que me serve ser bonita?

(no meio tudo o que me ofereces  é belo não sou injusta).

Sem comentários: