quarta-feira, outubro 25, 2006

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Mareta em Abril I

Ela, lê de costas para o mar.
Como se assim o ruído a não perturbasse.

Ele, sobe e desce pelas rochas. Tem uma picareta.
Está a brincar.

Ela, usa um chapéu e usa óculos.
Ele, move-se, devagar treme.

Ela está concentrada e apanha sol.
Ele distrai-se picando a pedra.

Ela, ali sentada, na areia. Protege-o.
Ele ama-a.

[ Que idade terão ao certo?
O tempo já lhes mostrou umas quantas coisas por aí]

Ele, volta para junto dela, deixando pedras.
Ela ama-o.


Mareta em Abril II

Fazem companhia um ao outro.
Quando o que mais desejam é estar distantes.

Na aproximação não há palavras.
Ali encontram-se no silêncio das suas distracções.

Ele, vai e vem. Ela, não desvia o olhar do livro.
Ele quase resvala pelas rochas. Ela não desvia o olhar do livro.

Quando regressa com as pedras, ele pensa como seria bom ela nem sequer lhes tocar!

Ali, fazem companhia um ao outro.
Não se encontram muitas vezes.


09.04.2005
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5 comentários:

Joana Gancho disse...

"Na aproximação não há palavras.
Ali encontram-se no silêncio das suas distracções."

lindo...................... :)

João disse...

(bonito)

Anónimo disse...

...Interessante analogia...

Silk disse...

bem, então se calhar vou continuar a deixar por aqui de vez em quando, alguns destes escritos......são docitas as vossas palavras:)

Joana Gancho disse...

deixa, porque as tuas palavras é que deixam as nossas mais doces...